Bocada - Forte ::: Entrevistas
Márcio Attack Versos: Rap para transformar

A cena cristã sempre foi um caldeirão criativo, a cada dia surge um grupo novo para propagar a mensagem bíblica, algo que os pioneiros do Rap gospel brasileiro fizeram de sustentação para suas rimas. O público cristão é fiel ao artista, consome produtos ligados ao discurso das escrituras e é guiado pela fé. Sempre há uma igreja numa quebrada do Brasil, não é preciso procurar, em sua missão evangélica, os irmãos acolhem e apoiam as pessoas que necessitam. No sofrimento da periferia, a palavra vem como alívio, essa ação e esse sentimento dominaram parte dos jovens que amam o Rap brasileiro, Márcio Attack Versos é um deles, MC que conheceu o Rap no início dos anos 1990 e, anos depois, laçou seu primeiro CD, "Terra Prometida". Attack Versos trabalha em seu novo álbum e divulga o videoclipe da música "Me fale só se for de Cristo", em entrevista ao Central Hip-Hop, o rapper fala sobre tolerância religiosa, fé e transformação através do Rap.
Central Hip-Hop (CHH): Quem é Márcio Attack Versos? Você já fazia rap quando se converteu ao cristianismo? Você faz parte de uma família de cristãos?
Márcio Attack Versos (MAV): O Márcio é um sonhador, mais que um vencedor. Sim, eu já fazia Rap antes da conversão. Não tinha uma família cristã, tive que formar uma.
CHH: Como o Rap entrou em sua vida?
MAV: Desde 1994, quando conheci os primeiros álbuns de Rap nacional que entraram em cena, mexeu comigo porque, naquela época, tinha muita coisa boa, não que hoje não tenha, mas antes, quando pintava um grupo novo, aquilo era um incentivo pra mim.
CHH: Como você lida com a diversidade do Rap? Qual sua opinião sobre as mensagens do Rap ligado ao consumismo e ao hedonismo?
MAV: A diversidade tem que existir, pra o Rap não ser enjoativo, cada um tem suas influências. Hoje eu escuto vários estilos, é necessário ter a mente aberta pra se fazer um disco, quanto a este estilo de Rap (consumista/hedonista), foi onde muitos de nós buscaram inspirações na filosofia gangsta, mas eu fui uma pessoa transformada, e tento mostrar nas minhas músicas o que Deus fez por mim e pode fazer na vida de quem acredita nele.
CHH: Como é sua relação com os outros artistas da cena Rap?
MAV: Boa, eu respeito e admiro alguns rappers, tanto no secular quanto no gospel.
CHH: Qual o papel da religião na vida das pessoas? Você também prega a tolerância religiosa? O quanto o Rap pode ajudar nessa discussão?
MAV: O papel do Rap é transformar, acreditar que acima de nós existe um poder supremo. Eu acho que saber tolerar é uma grande virtude, tanto entre religiões quanto na vida, o Rap é forma de expressão, quem ouve e reflete sobre a letra, sobre a mensagem - sempre achará alguma semelhança ou algo de bom pra si mesmo.
CHH: Como foi a produção e composição do seu primeiro CD? Nos fale também sobre seu novo trabalho.
MAV: O CD “Terra Prometida” foi produzido por Rogério Sarralheiro, Marcio Attack Versos e Thiago Ajala, irmãos talentosos, somado com Sergio Saas. As composições foram os meus sentimentos, o que eu estava passando e já passei na vida, não foi fácil pra chegar até aqui. Estou produzindo meu novo disco com o DJ Max e o Tico, será gravado e mixado no estúdio Central Music, pelo L.Dias. Este disco será bem diferente do anterior, com uma fusão de estilos musicais.
CHH: Como são seus shows? Você mistura sons acústicos e pré-gravados?
MAV: Dependendo da estrutura eu faço essa mistura, geralmente toco com DJ e backing vocal.
CHH: Sobre vídeo clipe da música “Me fale só se for de Cristo”, quais as principais dificuldades para realizá-lo? O resultado foi satisfatório?
MAV: Eu precisava de um material de divulgação, fiz um videoclipe simples pra estrutura que eu tenho no momento, mas não tive dificuldades, a não ser pela falta de patrocínio. Graças a Deus pude contar com Alexandre de Maio um cara talentoso que fez um ótimo trabalho, na arte do meu novo CD e nas camisetas que eu divulgo.
CHH: Como você encara as pessoas que utilizam a religião para manipular a fé e buscar lucros e vantagens políticas?
MAV: Manipulação existe em todos os seguimentos e religiões, eu só não me misturo com esse tipo de pessoa e nem gosto de comentar porque sei que, infelizmente, isso vai existir sempre, sei que o julgamento está perto de acontecer, Jesus está voltando, só Ele poderá julgar.
CHH: A maioria dos evangélicos discutem esse assunto? Sabem quem é quem?
MAV: Com certeza, Eu sei e você sabe, mas minha luta é outra, não com eles.
CHH: O que falta para o Rap ter um melhor desenvolvimento econômico?
MAV: Falta o Brasil nascer de novo (risos). Eu acredito numa revolução musical, na verdade, pra se dar bem no Rap, você precisa ser auto-investidor, existe quem consume e grande parte consome, mas falta o Brasil descobrir as pérolas que existem aqui, ouvir coisa boa pra mudar o rótulo. Eles pagam 100 mil pra um grupo internacional, mas não pagam 20 pra um grupo daqui, é uma grande vergonha!
CHH: O público gospel é mais antenado e se envolve mais? Os cristãos participam mais de shows, consomem mais produtos da cena Rap?
MAV: Com certeza, na minha opinião o público cristão valoriza o artista do rap da mesma maneira que respeita o artista de outro seguimento,a única diferença é o estilo, mais somos respeitados como um todo.
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